segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

uma Arte

"A arte de perder não é de difícil lastro;
tantas coisas parecem prenhes de perda
que sua perda não constitui nenhum desastre.

Perca um pouco a cada dia. Aceite o arrasto
do molho de chaves perdido, a hora mal gasta.
A arte de perder não é de difícil lastro.

Então teste perder mais longe, mais rastros:
lugares, nomes, o destino de onde pensava passar
férias. E nada disso pressupõe desastre.

Perdi o relógio de minha mãe. E, ah, que impacto!,
a última ou penúltima das três casas que amei.
A arte de perder não é de difícil lastro.

Perdi duas cidades, que belas. E, mais vasto,
algumas terras, dois rios, um continente,
que saudade, mas não chega a ser desastre.

―Mesmo perder você! (anedota na voz, gesto
que adoro) não deve enganar-me. Pois é claro
que a arte de perder não é de tão difícil lastro
mesmo que pareça, um desastre."

Elizabeth Bishop


outro blog, simplesmentelis

11 comentários:

  1. Uau! Parabéns pelo poema que nos trouxe! Amei.


    Beijo e uma excelente semana

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  2. Será que a vida é mesmo um "desastro", que vai e vem sem deixar rastro? lool
    .
    Hoje: ***Mulher:» O equilíbrio emocional. A solução***
    .
    Votos de um dia feliz
    BOM NATAL
    .

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  3. Não é fácil mas é possível conviver com as perdas!
    Gostei de ler ... bj

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  4. Poema cheio de conteúdo, este de Elizabeth Bishop...
    Que tenha um Natal Feliz e que o novo Ano lhe traga tudo o que deseja.
    Um beijo.

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  5. Lis, minha amiga

    será que é essa a verdadeira "arte de viver"?
    saber perder.

    gostei muito

    beijo

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  6. Menina, que sensibilidade incrível nos desperta só de ler esse poema né?
    Fiquei imaginando mil coisas e a leitura me prendeu até o fim.
    Também escrevo. Amo.
    Já estou te seguindo, viu?
    http://juliamodelodemodelo.blogspot.com.br

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  7. Feliz ano novo e muita muita paz com poesias e tudo que for bom para elevar a beleza e a sensibilidade no mundo. beijos

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  8. Que só não se perca a saúde!... Tudo o mais... vai e vem na nossa vida... na hora certa... quero crer!
    Um post belíssimo, Lis! Adorei suas escolhas!
    Beijinhos
    Ana

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