( ... ) "um colo, um berço, um braço quente em torno do pescoço, uma voz que cante baixo e que pareça querer fazer chorar.
Um calor no inverno, um extravio morno da consciência. e depois, sem som, um sonho calmo, um espaço enorme como a lua , rodando entre as estrelas." Fernando Pessoa
nos seus olhos fundos guarda tanta dor, a dor de todo esse mundo
Eu já lhe expliquei, que não vai dar, seu pranto não vai nada ajudar
Eu já convidei para dançar, é hora, já sei, de aproveitar
Lá fora, amor, uma rosa nasceu, todo mundo sambou, uma estrela caiu
Eu bem que mostrei sorrindo, pela janela, ah que lindo
Mas Carolina não viu...
Carolina, nos seus olhos tristes, guarda tanto amor, o amor que já não existe,
Eu bem que avisei, vai acabar, de tudo lhe dei para aceitar
Mil versos cantei pra lhe agradar, agora não sei como explicar
Lá fora, amor, uma rosa morreu, uma festa acabou, nosso barco partiu
Eu bem que mostrei a ela, o tempo passou na janela e só Carolina não viu."
Se não tivermos, em qualquer sítio do coração, uma infância, onde nos refugiaremos quando os ladrões vierem para nos roubar a inocência e os sonhos ?
Se não tivermos uma pequena infância que seja (um jardim longínquo, um vago quarto de dormir perdido), onde guardaremos os segredos mais secretos e onde brincaremos ainda?
E quem nos responderá quando, diante do nosso rosto no espelho, nos virmos e não nos reconhecermos? ou quando, nos dias de infelicidade, chamarmos pelo nosso nome?