terça-feira, 27 de junho de 2023

// o vício das noites


Deixemos as soturnidades e vamos de irrealidades mesmo.
 ...

'Da velhice sempre invejei o adormecer 
no meio da conversa.
Esse descer de pálpebras não é idade nem cansaço. 
Fazer da palavra um embalo
 é o mais puro e apurado senso da poesia'.

(Mia Couto)

domingo, 25 de junho de 2023

// sensorial


'Eis a forma feminina
um ninho divino exala de si
da cabeça aos pés,
atrai com atração furiosa  e irrecusável...
Cabeços, quadril, curva de pernas,
mãos caindo distraídas
todas difusas... '

(Walt Whitmam)
 
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sexta-feira, 23 de junho de 2023

// das cartas e confete _ parte III


Oi menino, 
Já concordamos que é bom falar se a chuva é intermitente,se o sol está causticante, se o tempo fechou ou se o céu é de brigadeiro . Não deixa de ser um bom pretexto para se dizer a que veio. Hoje ,por exemplo cai uma chuvinha mansa e provoca desejos. Talvez, uma taça do vinho argentino resolva... Estamos mais ou menos bem,não é? Nenhum ruído estranho. Já combinamos e descombinamos vezes demais. E continuamos aqui sempre a falar do mesmo _esse tempo nas  cidades. Assim a metereologia é que nos une. Difícil é quando recomendas o silêncio ... não sei silenciar _se falo das minhas paisagens logo quero saber das tuas  , para onde vai teu olhar quando caminha entre as árvores .E, em qual janela bate o sol das tuas manhãs. Se ainda andas a prescrutar se há sereias tomando sol nas varandas vizinhas. Tranquilize-se .Já sei como fazer caso surja  resquícios de interrogatóros, mudo de assunto e falo das estrelas.
Mas, diga aí, se é sensível a claridade e se prefere o quarto a meia luz...
De ontem para hoje, já saudade de ti.

(Autor desconhecido, em tempo de pandemia)

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terça-feira, 20 de junho de 2023

// nada dizer até o amanhecer


' mas é assim o poema : construído devagar,
palavra a palavra , e mesmo verso a verso.até ao fim.
 O que não sei é como acabá-lo.
 Então, peço-te ajuda :
puxo o teu corpo para o meio dele, deito-o na cama
 da estrofe, dispo-o de frases e de adjetivos
 até te ver .
Tu o mais nú dos pronomes. Ficamos assim.
 Palavras e versos, e tudo o que não é preciso dizer:
Eu e tu, chamando o amor
para que o poema
acabe.'

(Nuno Júdice)

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sexta-feira, 16 de junho de 2023

// I hope you dance ...


"Espero que você nunca perca o seu senso de maravilha 
Que você obtenha o bastante para comer, mas mantenha aquela fome 
Que nunca deixe de valorizar cada respiração
Deus me livre o amor te deixar de mãos vazias 
Espero que você ainda se sinta pequeno quando estiver ao lado do oceano 
Que quando uma porta se fechar, outra se abra
Me prometa que dará uma chance ao destino 
E que,quando tiver que escolher entre dançar e deixar para a próxima 
Espero que você dance 
Espero que você nunca tema aquelas montanhas distantes 
Nunca se contente com o caminho mais fácil 
Viver pode ser sobre se arriscar, mas o risco vale a pena 
Amar pode ser um erro,mas vale a pena cometê-lo
Não deixe um coração corrompido qualquer te deixar amargo
Quando chegar perto de ceder, reconsidere
Dê aos céus acima mais que um mero olhar 
E quando tiver entre dançar e deixar para a próxima 
Espero que você dance 

Me diga
Quem quer olhar para trás e se perguntar :
Para onde foram aqueles anos? "

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terça-feira, 13 de junho de 2023

// voos rasantes


Uma questão menor
Nada é pessoal 
Ausência.
Falta tudo
Ideias 
Vontade

Nada é de verdade.

Só a sua falta .

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sábado, 10 de junho de 2023

// o monólogo


há dias em que a felicidade me visita no café
ao fim da tarde
na penumbra que aquece as mãos
e acende escombros em cada sorriso de tinta e palavras.
não, não inventei a insónia
nem sei como é o rosto da morte
na arquitetura imperfeita dos sonhos,
cada vez mais burgueses e anafados
em bocas que persistem em perder o marfim.

há dias em que a felicidade me visita…
sim, eu sei,
é ao fim da tarde que se morre de amores
e o paraíso é somente uma insinuação de pele,
bem ali,
na mesa de café de uma qualquer cidade. 

(jorge pimenta)

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quinta-feira, 8 de junho de 2023

// devoção ao silêncio


Pequenos voos.  Alma em repouso.
Olhos quase poéticos,desabrochando em paisagens
Silêncio quebrado . Recaídas nas madrugadas
Incoerências? Também. 
Um fio tênue entre desejo e culpa.

Outono-Inverno_ chegando de mansinho.Vento sul.
Meias para aquecer. Longos cafés das manhãs.
Cheirinho de lavanda no quarto
adormecendo a insônia.

Mecanismo de defesa_ Um caderno em branco .
Quer escrever ? 'Escreva ,Lis'  ...
De preferência para ninguém. 
Explorando rostos desconhecidos.
 
Aqui, quimeras.
 Lá fora, realidade.
Hoje ,entusiasmo. Amanhã veremos !

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