Sonhos. Imaginação. Fantasias.
E lá vai carta confessional. Quer queira ,quer não, as cartas
tem sempre um cunho pessoal, são despojadas, claras, precisas.
Enquanto os poemas são quimeras , quando não, armadilhas.
Sabemos que 'todas as cartas de amor são ridículas'.
Está comprovado.
Quando intensificam o correio, começam também a ficar
íntimos e a resvalar um ou outro segredo, até então
não declarado. E, assim enchem-se de ternuras e encostam-se
nos abraços, falam das plantas que enfeitam a casa
dos bichinhos de estimação, do tempo solar _esse um assunto
bom para iniciar conversinhas no meio da tarde ou
nos domingos chuvosos. E,sonham.
Discretamente, revelam. Ela, sem nenhum medo
de errar para um craque da escrita. Alguns deslizes na gramática.
Pequenos desacordos. Um temperamental demais.
Outro, só sentimental. E, assim, nesse entrevero
não gostavam de ficar,nem que fosse,um só bilhetinho.
O dia vazio,um deserto.
Queria não escrever. Queria asas.
(2024 , abril )
(fotografia da Web)