terça-feira, 29 de novembro de 2022

/ procura-se a realidade



               "Uma das coisas boas sobre envelhecer é nos tornarmos pragmáticos.
                Procuramos apenas palavras.   Ou o sono. Não nos preocupamos
                com o motivo de fixar o olhar demoradamente., a imaginar...
                Não nos preocupamos mais com o futuro.
                Apenas desejamos que o presente não se acabe.
                O coração e a mente se alinham.
                E, de repente , as coisas não precisam
mais fazer tanto sentido...'

                  (Clarice Lispector)

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sábado, 26 de novembro de 2022

/ conectando ...


Não solidão, hoje não quero me retocar 
 
Nesse salão de tristeza onde as outras 
penteiam mágoas.
Deixo que as águas invadam
meu rosto 
Gosto de me ver chorar 
Finjo que estão me vendo.
Eu preciso de mostrar
Bonita

Pra que os olhos do meu bem 
Não olhem mais ninguém 
Quando eu me revelar
da forma mais bonita.
Para saber como levar os desejos 
que ele tem 
ao me ver passar
Bonita
Hoje eu arrasei
Na casa dos espelhos 
Espalho os meus rostos 
E finjo que finjo que finjo
Que não sei.'

(Chico Buarque )

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terça-feira, 22 de novembro de 2022

/ foto caseira., versão colorida


Lembro quando pensei em criar um blog ,    o nome era o grande problema.
A família se envolveu com uma enxurrada de sugestões e nada combinava
com nada. Por eliminação o 'flordelis' acabou vencendo. 
Imaginei que sendo uma flor incomum, um símbolo da monarquia e uma
música do Djavan, ia dar tudo certo. E deixamos ficar.
E se não deu certo ,também não deu errado.  Nem vi passar treze anos,
 lendo poesia e reproduzindo. Muitas  vezes pensei vou mudar isso,
não consegui, porque já era memória
e memória a gente não apaga.
Penso que esse 'desencontrário' entre a Flor e a Lis tentando conjugar a 
poesia com a fotografia tem tudo a ver com  Paulo Leminsk :  
  
"Mandei a palavra rimar /ela não me obedeceu /falou em mar/ em céu/ 
em rosa /em grego / em silêncio /em prosa.
Parecia fora de si a sílaba silenciosa / Mandei a frase sonhar/ e ela
se foi num labirinto .Fazer poesia eu sinto, apenas isso ...
Dar ordens a um exército, para conquistar um império extinto."

Foi sempre mais ou menos assim,  sem talento para compor qualquer coisa,
 (as vezes tento),  e só sai umas coisinhas bobas, então acalento a alma
 lendo e fazendo o que me propus_ reproduzir poesias.
De que mais preciso ?estar apaixonada pela natureza, mirando nela 
num flerte contínuo. A melancolia as vezes me visita.
Não dou abrigo, prefiro dar uma pausa.  

Já temos laços fortes aqui  somos quase íntimos, posso sair e voltar
 quando convém. Somos desconhecidos, familiares.
Um modelo que deu certo.
Distantes sim e treinando essa telepatia que só a invisibilidade permite...
Sigamos, pois.

 Para não fugir a regra e os costumes , 
deixo os versos do grande David Mourão-Ferreira:

"Luta de corpo a corpo no interior do corpo
Monólogo do tempo no interior da alma.
Monólogo monótono com saltos inesperados
Monólogo no mármore mais mole que há
Memória ...
Mármore , e mar , e vento sobre o mar...
Memória ."


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