Lembro quando pensei em criar um blog , o nome era o grande problema.
A família se envolveu com uma enxurrada de sugestões e nada combinava
com nada. Por eliminação o 'flordelis' acabou vencendo.
Imaginei que sendo uma flor incomum, um símbolo da monarquia e uma
música do Djavan, ia dar tudo certo. E deixamos ficar.
E se não deu certo ,também não deu errado. Nem vi passar treze anos,
lendo poesia e reproduzindo. Muitas vezes pensei vou mudar isso,
não consegui, porque já era memória
e memória a gente não apaga.
Penso que esse 'desencontrário' entre a Flor e a Lis tentando conjugar a
poesia com a fotografia tem tudo a ver com Paulo Leminsk :
"Mandei a palavra rimar /ela não me obedeceu /falou em mar/ em céu/
em rosa /em grego / em silêncio /em prosa.
Parecia fora de si a sílaba silenciosa / Mandei a frase sonhar/ e ela
se foi num labirinto .Fazer poesia eu sinto, apenas isso ...
Dar ordens a um exército, para conquistar um império extinto."
Foi sempre mais ou menos assim, sem talento para compor qualquer coisa,
(as vezes tento), e só sai umas coisinhas bobas, então acalento a alma
lendo e fazendo o que me propus_ reproduzir poesias.
De que mais preciso ?estar apaixonada pela natureza, mirando nela
num flerte contínuo. A melancolia as vezes me visita.
Não dou abrigo, prefiro dar uma pausa.
Já temos laços fortes aqui somos quase íntimos, posso sair e voltar
quando convém. Somos desconhecidos, familiares.
Um modelo que deu certo.
Distantes sim e treinando essa telepatia que só a invisibilidade permite...
Sigamos, pois.
Para não fugir a regra e os costumes ,
deixo os versos do grande David Mourão-Ferreira:
"Luta de corpo a corpo no interior do corpo
Monólogo do tempo no interior da alma.
Monólogo monótono com saltos inesperados
Monólogo no mármore mais mole que há
Memória ...
Mármore , e mar , e vento sobre o mar...
Memória ."