quinta-feira, 18 de abril de 2024

/// do meu caderno de notas


Bebia teus silêncios.
Descobria novas cores, novos prazeres
 madrugadas
 emoções e solidões. 
Eras aquele azul no céu, aquela música doída.
 Dentro dos teus silêncios 
um monólogo interior como um bom-bocado, muito doce.
 Por vezes grito. Por vezes uivo. Por vezes amo. 
Ah , esse amor ! 
Por vezes o stand da invalidez.
(abril, 2024)

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terça-feira, 16 de abril de 2024

// das cartas e confetes _ Parte VII


 Sonhos. Imaginação. Fantasias.
E lá vai carta confessional. Quer queira ,quer não, as cartas
 tem sempre um cunho pessoal, são despojadas, claras, precisas.
 Enquanto os poemas são  quimeras , quando não, armadilhas. 
Sabemos que 'todas as cartas de amor são ridículas'.
 Está comprovado. 
Quando  intensificam o correio, começam também a ficar
 íntimos e a resvalar um ou outro segredo, até então 
não declarado. E, assim enchem-se de ternuras e encostam-se
 nos abraços, falam das plantas que enfeitam a casa
dos  bichinhos de estimação, do tempo solar _esse um assunto
 bom para iniciar conversinhas no meio da tarde ou
  nos domingos chuvosos.  E,sonham.
 Discretamente, revelam. Ela, sem nenhum medo
 de errar para um craque da escrita. Alguns deslizes na gramática.
 Pequenos  desacordos.  Um temperamental  demais.
 Outro, só sentimental.  E, assim, nesse entrevero
 não gostavam de ficar,nem que fosse,um só bilhetinho.
 
dia vazio,um deserto.
  Queria não escrever. Queria asas.
(2024 , abril ) 

(fotografia da Web)

domingo, 14 de abril de 2024

/// sobre o abraço


Um abraço é
também modo de dizer :
 vai passar, está passando, estou aqui,
 Assim,de longe, fico pertinho e te abraço forte.

(álbum de família)

quinta-feira, 11 de abril de 2024

// de seara amiga



"É quase um voo,
a harmonia da música
que trauteamos em surdina, por aí,
 sem nenhum destino, de corpo iluminado,
no rastro de memórias que só o coração guarda.
Impacientes.Tão impacientes."

(Graça Pires)

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terça-feira, 9 de abril de 2024

// excesso de ausência


"Tens uma paleta 
 a que faltam
 algumas cores.Talvez
 porque há substâncias 
a que não soubeste dar expressão.
Ou porque elas 
são incolores.Ou porque 
 em toda a realidade
há fendas
 que nem pela palavra 
nem pela cor
alguma vez saberás preencher."

(Albano Martins)

sábado, 6 de abril de 2024

// Para uso tópico


"Quero-te, como se fosses
a presa indiferente, a mais obcsura 
das amantes  Quero o teu rosto 
de brancos cansaços, as tuas mãos
que hesitam. cada uma das palavras
que, sem querer me deste. Quero
que me lembres e esqueças como eu
te lembro e esqueço : num fundo
a preto e branco , despida como
 a neve matinal se despe da noite, 
fria, luminosa,
voz incerta de rosa."
 
(Nuno Júdice)

terça-feira, 2 de abril de 2024

// amor aos poucos

"Pouco a pouco fomos descobrindo 
como se põe sal por cima do silêncio
e água por trás das palavras.
E preferimos calar para dizer ausência.
E preferimos dizer para temperar a calma.

E já não sabemos que fazer
com o deserto, com os sinais.
com a sede."

(Valeria Pariso)

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domingo, 31 de março de 2024

// aos domingos



"Ora, antes da Festa da Páscoa , 
sabendo Jesus que era chegada
 a sua hora de passar deste mundo para o Pai,
 como havia amado os seus,  amou-os até ao fim. "
(João 13.1)

quarta-feira, 27 de março de 2024

/// o amor, suponho ...


"Tenho andado a pensar 
em escrever um poema de amor. 
A verdade é que não sei porque mas
 fico incrivelmente triste 
e os poemas de amor não me têm saído
 suficientemente bem. Ou talvez eu não tenha me
 esforçado de forma séria. 
Suponho que o amor deve ser como esses
 rarissimos instantes de felicidade.
Se por um momento os vives
eu diria
 que não é conveniente
andar a perder tempo com poemas."

(Roger Wolfe)

(2024, janeiro_ Lac Léman, em Genebra,suiça)

sábado, 23 de março de 2024

/// estudo 41


"Há sempre um degrau 
entre o que se escreve 
e o que gostaria de ter escrito e
 quando há um poema inexaurível desses que
 nunca mais se pode parar de  ler 
que não se pode mais soltar
porque no meio há um vórtice
 um poço de água potável
onde se pode nadar em círculos,sem pressa 
onde se pode apanhar com as mãos
os peixes intermináveis
 não há como não ponderar qual seria o verdadeiro
  aquele outro  ainda maior mais robusto
que alguém tenta escrever."

(Ana Estaregui)

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quarta-feira, 20 de março de 2024

/// Bem -vindo, Outono


Em que está trabalhando ?
perguntaram ao senhorzinho .
Ele respondeu :
'tenho muito que fazer ,
preparo o meu próximo erro.'

(Bertolt Brecht)

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segunda-feira, 18 de março de 2024

// fechando o verão


Já principia o outono 
A noite vem até que de novo
a aurora se revele.
Percorro o quarteirão na caminhada obrigatória
no horário mais calmo, tentando usufruir a brisa da noite.
Observo as calçadas esburacadas
mesmo ouvindo sempre que é o melhor bairro da cidade.
Bem sei que é o mais caro. 
Vejo contentores de lixo derramados pelos moradores de rua 
que perambulam com seus olhares vazios.
Sempre sós. 
 Não há estrelas.Só os semáforos piscam.
Volto para casa e
escrevo para estilhaçar de vez , esse silêncio.
Quero um outono suave .
( março/2024)

( A Pitty recuperando a alegria, a saúde e mandando embora o olhar triste .Graças a Deus).

quinta-feira, 14 de março de 2024

/// divagações e inquietações


 ...  sobra inquietação nas minhas manhãs de março
 a única luz qe reluz aqui é a do sol e do mel que coloco na minha fruta. 
Preciso  de  'um poema que cortasse como faca' e apaziguasse o medo,
 enquanto aguardo que a minha gatinha se recupere
 rápido e volte a me olhar fixamente, piscando  os olhos
 querendo  dizer coisas, que não sei.
Porque outro poema ?
(reconsidere um pouco esse momento e paga o que me deve)
:))

(Pitty  doentinha, _ causando susto e muito medo de perdê-la)

segunda-feira, 11 de março de 2024

/// do amor tímido


"E o amor transformou-se  noutra coisa com o mesmo nome.
Era disto que falavam as mães quando davam conselhos às
filhas e diziam:  'o amor vem depois.'         Era isto o depois.
Uma ternura simples, quase dolorosa,
 muitos silêncios e
um poema que se dissolve devagar
 sem rosto."

 (José Luís Peixoto)

(fotografia da web)

sexta-feira, 8 de março de 2024

// os ontens


Escrevia-lhe bilhetes, elegias amorosas
mais graça que amor. Vez ou outra 
alguma  melancolia.  Falava-lhe da paisagem,da 
 falta  dos olhos, do corriqueiro cotidiano,das 
insônias e sobetudo do tempo _
se fazia sol se chovia a cântaros, se estava nublado e entediado.
Também claramente e poeticamente, dava a entender 
 que faltava no café da manhã o olhar de uns olhos castanhos.

 Tudo ontem ... ( na coxia) 

( março, 2024)

quarta-feira, 6 de março de 2024

// Brasil ,agora é o sol é o sol é o sol


Voltei para minha casa brasileira.
E  quem me recebe entusiasmado ?  O sol ! 
Entra pela varanda, esparrama na cama e pelo jeito que me abraça sinto que não 
vai embora logo não. Já a felina me olhou desconfiada .Fez que não reconheceu.
Sentida com a ausência demorada.   A mala veio cheia de paisagens. coisas
que vivi, gostei e não pude deixar lá. Só deixei os casacos pesados, os cachecóis
as botas da neve (aqui são inúteis)
Para não chorar de saudade da casa  suiça ,ganhei um som novo
 e já começo o dia  ouvindo Caetano me chamar
de Baby ou de Carolina. Posso deixar Roberto Carlos
 correndo lá fora
e quem sabe 'amanhã de manhã' quando menos esperar 
  'la glace est rompue'
E, vamos ao que gosto mais_ as poesias, os 
amanheceres ,os anoiteceres , as flores ,os caminhos do mar .
 Fotografando todos os meus olhares, aqui, para vocês.
Portanto cá estou , meus amores.  Juntos,novamente. 
(2024, março)

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domingo, 4 de fevereiro de 2024

/// volto breve ...


"Não me prendo a nada que me defina.
 Sou companhia, mas posso ser solidão.
Tranquilidade e inconstância, pedra e coração.
 Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono. 
Música alta e silêncio.
Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser.
 Não me limito, não sou cruel comigo.
 Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer.
 Suponho que me entender não é uma questão de inteligência
 e sim de sentir, de entrar em contato.
 Ou toca, ou não toca."

(Clarice Lispector)


(Fotografia ,Lac Léman, com vistas para os Alpes suiços )
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quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

// amor confete alguma tagarelice


Ela era de poucos amigos.
Podia contar nos dedos aqueles
que preenchiam sua vida. Talvez aqui nesse caso  ,palavra
amigo nem caía bem.        Precisaria de uma palavra maior
mais vibrante.Quando se entrega tudo,coração,corpo,alma
(e paisagens),    qualquer palavra solta desperta um alerta
difícil de entender.  Desejava apenas um afago e não uma
palavra cuja  sonoridade só poetas entendem.Não tinha os
olhos dele, leitor.Também não podia medir o tom da voz se
suave,  doce, zangado ou indiferente, assim distante.Frágil
errava desaprovava sua semântica  Nada novo.   Sempre
inventava outros caminhos, recomeçava mil vezes,renovava
 votos, combinava encontros impossíveis, cafés, pic-nics ,até
 poesia dividia.
Ele_ ela não sabia. 
 Na sua sabedoria,ele ensinava, ela não assimilava. Gostava
 de se iludir e tinha cabeça cheia de caraminholas ,enquanto
 ele continuava teimoso poético lindo e irresistível.
 As vezes,riam-se disso,outras fingiam porque sabiam que tudo
 não passava de quimeras. Uma menina e um menino,apenas. 
Não sabiam o valor real da amizade.
E  nem o que mais os aproximava.
Se o silêncio ou a palavra.

(janeiro, 2024)

sábado, 27 de janeiro de 2024

/// das divagações


Quem viaja deve levar na bagagem  um pouco de silêncio
 para perceber com atenção toda a beleza das estações 
 seja inverno ou verão . Sentir outros sabores, o que vai
pelas cidades, a  mistura das linguagens, o sorrir ou não
sorrir , os cumprimentos, o comportamento ,o  vestuário,
 a cidade em movimento.
Nenhuma câmera fotográgfica  consegue captar  toda
 a beleza que há em qualquer paisagem. 
     Portanto, desfrutemos de tudo que nos
 faz suspirar. Ou chorar. Ou sorrir.
 Ou amar.
 A vida vai acabar  num lance qualquer.
Um dia.

(2024,janeiro)

( Ponte Hans Wilsdorf , fundador da marca Rolex) 

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

// amor e flor


Inventaram um amor secreto,com
tudo para ser eterno, trouxeram em
 braçadas  para perto e ficaram à espera,que materializasse.
  Não entenderam a necessidade
do deslumbramento. Foi
só um alarme falso. O amor
 silenciou, não acabou. Nada que
é eterno tem pressa.

(janeiro, 2024)