segunda-feira, 22 de julho de 2024

/// ... e se prolongam as horas


Gosto das estrelas.
Quase nunca vejo . Na cidade se escondem.
Como os segredos . Como os deuses.
Encantam, flertam,  brilham, explodem, desmoronam e saem de órbita.
Assim do nada_ distraem, piscam, desaparecem.
Fugazes e transitórias.
Contudo ,ainda fico pensando no brilho que deixarm e gosto
 de simular que vou ainda vê-las. De outro modo.
Aquela cadente  que inspira , encanta , arrebata. 
Doces inconsistências.

(junho, 2024)

( fotografia,_deu saudade da minha janela , no Rio de Janeiro,niteroi)

sexta-feira, 19 de julho de 2024

/// o ritmo e a travessia


'Não se desliza ,pela flor do jardim
sem despenteá-la, dividi-la em pistilos e pétalas.
O toque , se não o do vento, é sempre imperfeito ...
Toda mão tem medo da flor que ama'

domingo, 14 de julho de 2024

// talvez pétalas talvez não


"Todos os dias   todas as horas    todos os meses
a gente se encontra  com esses  talvezes a gente
se encanta com esses talvezes a gente atravessa
às avessas o tempo        desses talvezes que nos
abraçam.      Todos os dias  é dia de não resposta
 todos os dias     todas as horas    a todo momento 
abrasa um vento a dizer :        talvez eu desalinhe
teu silêncio  talvez eu grite talvez evite
talvez fique triste talvez fique alegre Talvez."
 ...
(Lázara Papandrea)

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quarta-feira, 10 de julho de 2024

// não jogue fora as cartas ...


... estão cheias de fotografias.
O tempo passará, apagar-se-á o desejo,essa flecha sem rumo.
Passarão os anos.Cansar-te-ão os livros. 
 Poderás  perder até mesmo a poesia.
 Aquela  tua poesia que fizestes pensando nela.
  Tens o ruído das cidades e  das distâncias.
A surpresa das nevascas. As chuvas manhosas.
Pode ser a tua música.
E, as cartas de  amor ,se houveres guardado, será tua Literatura.
É como se a francesa Annecy inteirinha, fosse tua.
Não jogue fora.

(compondo junto com JoanMargarit) 
: ))) 

(Junho, 2024) 
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sábado, 6 de julho de 2024

/// a vida breve


"Meu amado me diz que sou como maçã
cortada ao meio.
As sementes eu tenho é bem verdade.
E a simetria das curvas. 
Tive um rubor na pele lisa
que não sei se ainda tenho.
mas se em abril floresce a macieira 
eu maçã feita e pra lá de madura
ainda me desdobro em brancas flores
cada vez que sua faca 
me trespassa."

(Marina  Colasanti)

terça-feira, 2 de julho de 2024

// das divagações


('Há um número infinito  de miados entre letras")

Livros. 
Ela tem lido um pouco mais que antes.
Pensa que não vai conseguir terminar aquelas páginas todas.
Mais disciplinada,
Pedindo aos  deuses que cheguem nela e devolva o que tirou.
 Traga junto disposição, inspiração, imaginação. 
Suas noites de inverno acontecem cedo. As manhãs longas.
O relógio biológico travou e não entende onde é esse lugar.
Até a insónia foi embora e anda dormindo mais que o necessário.
  As vezes, sonha. 
Com desconhecidos. Em terras estranhas, onde nunca pisou.
Parece Nárnia . Outras vezes, Marambaia .
 Sempre dentro de um livro. Numa coxia.
 Vestindo uma personagem .Pensando  que é  Anna Karenina. 
E, aguardando alguém para buscá-la.

( inverno, 2024, julho)

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domingo, 30 de junho de 2024

// e não vens ...


...
'Às vezes o que falta
É uma vírgula
Um carinho
Um esquema
Uma sequela sem ponto
Sem trema
Uma trama inteira
De atitude'

quarta-feira, 26 de junho de 2024

/// parece Inverno


Há ainda algum romantismo no ar 
Não é exatamente, como na primavera ou outono
Mas, basta iniciar o dia ouvindo a 'modinha' de Chico Buarque para
 se animar  porque não é um friozinho brasileiro que
vai tirar ninguém do sério.
E, o bom é que podemos imaginar, lembrar e  tentar 
sentir o verdadeiro frio da linda Genebra.
 Lá sim ,deixa nosso corpo lânguido e  sem pressa, no
 conforto das mantas , com vontade de um café
  quentinho ou ainda naquela
 espera de um correio eletrônico que sempre te salva  
da moleza do corpo.
 Já aqui, com essa temperatura nada romântica e esse
  frio que não esfria, vou fazer um bolo.
  Bem doce, deliciosamente doce ... 

( 2024,junho)

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sábado, 22 de junho de 2024

// complemento de terapia


'Prometeu-me o sol 
Como, se desse linha ao anzol,
E pudesse pescá-lo do céu 
Quando vinha a lua e como fosse sua.
Prometeu levar-me às estrelas 
Mantinha o amor quente, vivo
E como isso se deu ,,, 
 Me amou_  Então cumpriu .'

(fotografia , Ipanema, rio de Janeiro, 2024,junho)

terça-feira, 18 de junho de 2024

//um pouco de 'nadas' E, toda saudade !


Falta coragem para ficar muito tempo... sem os amigos virtuais
Como diria Millor Fernandes 'quão admiráveis são aqueles quenão conhecemos bem...'  Verdade é que faz falta não ter vocêsque pousam aqui com palavras, fazem um afago     _e não nosconhecemos _  por isso são admiráveis !   Faz  falta não ter asrespostas.  Não ter as mãos,os abraços  os olhares. Voltemospois com as fotografias,as poesias,os pontos e vírgulas,o hiato
o 'tudo' e também os 'nadas' do cotidiano.De certa forma,temos
 uns aos outros e isso é muito  bom !
Eis-me de volta, aos costumes.Com coragem !
simplesmentelis, outroblogFotografias ,( Rio de janeiro)Aproveitei a pausa e fui ver o põr do sol, no Páo de Açucar,_ a Pedra da Urca)

terça-feira, 7 de maio de 2024

// pausadamente ...


Meus amigos, 
deixo abraços 
 até quando puder voltar
 ...

( o8/maio, 2024)
 
outroblog, simplesmentelis] 

sábado, 4 de maio de 2024

/// imitando paródia


Há uma confusa clareza nas coisas
Há uma voz agradável inaudível 
Há azul nas  fitinhas  do Bonfim
Há neve na avenida e sol  na alma
há trompete sem chet baker
Há  sonolência no avião
Há pesadelos e sonhos
Há manhãs resplandecentes 
E  enluarados céus
Há magníica beleza e saudade
Há poeta nos versos 
 Oh vida ! oh minha vida!

( lembrando  Mário Cezariny)
(2024,maio)

quinta-feira, 2 de maio de 2024

// o ordem do desejo


'Ah,se soubesse a palavra.  A que subjaz aos milhões
das que já disse .. e que as vezes se me anuncia num
súbito silêncio,     a que inaudível se entreouve numa
praia deserta, no meio do outono , a que está antes de
uma grande lua nascer e que dela fica a uma distância
infinita.   A que está  entre as palavras e não foi nunca
uma palavra.      Ah, se soubesse a palavra, a única, a
última e pudesse depois ficar em silêncio 
para sempre."

(Virgílio Ferreira

domingo, 28 de abril de 2024

/ mar e alguma ondulação


'Quando não há inspiração ,resta transpiração'
 Falta-me é verve poética. Minha criatividade
 está na minha lente e no meu olhar.Teria que 
 chocoalhar a memória em   busca da palavra
 perfeita , que só os poetas possuem.
 Ou quem sabe das metáforas. A palavra pode 
     ser escrita de várias maneiras.     
Ou apenas sussurrada. 
Minha fotografia ,  meu sussurro.

(abril, 2024)

sexta-feira, 26 de abril de 2024

// das porções do dia


Suponhamos que seja muito romântica e disciplinada  (?) 
Levanta de manhãzinha , se veste para a caminhada diária
pela orla da praia ou pelo seu quarteirão , caso o sol esteja
inclemente,o que é normal em pleno outono, quando por
ordem deveria era se  acalmar.  Pelo caminho de volta
passa na feira e o rapaz oferece as flores habituais 
 ( as miúdinhas),  chega em casa
prepara um  café  e pensa qual fotografia 
vai oferecer aos amigos, entende que está cansada
de ser só consumidora de poesia , está
 por ora produzindo, sendo ensaísta 
(não sabe bem o que é), 
e assim ela escreve ... escreve.  
Só perfumaria,
 que  é o que está vivendo no momento.
 :))
(abril, outono 2024)

sábado, 20 de abril de 2024

// o caminho das árvores


'Há uma cor que não vem nos dicionários' 
A  cor opaca e indefinível do retrato, 
do meio sorriso lembrando a luz  âmbar ,de 
certos troncos das árvores, num marron
 desbotado, de certas ruazinhas vazias.
 É 'a cor do tempo' _esse saudosismo  no meio do caos.
 (inspirado no poema de Mario Quintana)

quinta-feira, 18 de abril de 2024

/// do meu caderno de notas


Bebia teus silêncios.
Descobria novas cores, novos prazeres
 madrugadas
 emoções e solidões. 
Eras aquele azul no céu, aquela música doída.
 Dentro dos teus silêncios 
um monólogo interior como um bom-bocado, muito doce.
 Por vezes grito. Por vezes uivo. Por vezes amo. 
Ah , esse amor ! 
Por vezes o stand da invalidez.
(abril, 2024)

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terça-feira, 16 de abril de 2024

// das cartas e confetes _ Parte VII


 Sonhos. Imaginação. Fantasias.
E lá vai carta confessional. Quer queira ,quer não, as cartas
 tem sempre um cunho pessoal, são despojadas, claras, precisas.
 Enquanto os poemas são  quimeras , quando não, armadilhas. 
Sabemos que 'todas as cartas de amor são ridículas'.
 Está comprovado. 
Quando  intensificam o correio, começam também a ficar
 íntimos e a resvalar um ou outro segredo, até então 
não declarado. E, assim enchem-se de ternuras e encostam-se
 nos abraços, falam das plantas que enfeitam a casa
dos  bichinhos de estimação, do tempo solar _esse um assunto
 bom para iniciar conversinhas no meio da tarde ou
  nos domingos chuvosos.  E,sonham.
 Discretamente, revelam. Ela, sem nenhum medo
 de errar para um craque da escrita. Alguns deslizes na gramática.
 Pequenos  desacordos.  Um temperamental  demais.
 Outro, só sentimental.  E, assim, nesse entrevero
 não gostavam de ficar,nem que fosse,um só bilhetinho.
 
dia vazio,um deserto.
  Queria não escrever. Queria asas.
(2024 , abril ) 

(fotografia da Web)

domingo, 14 de abril de 2024

/// sobre o abraço


Um abraço é
também modo de dizer :
 vai passar, está passando, estou aqui,
 Assim,de longe, fico pertinho e te abraço forte.

(álbum de família)

quinta-feira, 11 de abril de 2024

// de seara amiga



"É quase um voo,
a harmonia da música
que trauteamos em surdina, por aí,
 sem nenhum destino, de corpo iluminado,
no rastro de memórias que só o coração guarda.
Impacientes.Tão impacientes."

(Graça Pires)

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terça-feira, 9 de abril de 2024

// excesso de ausência


"Tens uma paleta 
 a que faltam
 algumas cores.Talvez
 porque há substâncias 
a que não soubeste dar expressão.
Ou porque elas 
são incolores.Ou porque 
 em toda a realidade
há fendas
 que nem pela palavra 
nem pela cor
alguma vez saberás preencher."

(Albano Martins)

sábado, 6 de abril de 2024

// Para uso tópico


"Quero-te, como se fosses
a presa indiferente, a mais obcsura 
das amantes  Quero o teu rosto 
de brancos cansaços, as tuas mãos
que hesitam. cada uma das palavras
que, sem querer me deste. Quero
que me lembres e esqueças como eu
te lembro e esqueço : num fundo
a preto e branco , despida como
 a neve matinal se despe da noite, 
fria, luminosa,
voz incerta de rosa."
 
(Nuno Júdice)

terça-feira, 2 de abril de 2024

// amor aos poucos

"Pouco a pouco fomos descobrindo 
como se põe sal por cima do silêncio
e água por trás das palavras.
E preferimos calar para dizer ausência.
E preferimos dizer para temperar a calma.

E já não sabemos que fazer
com o deserto, com os sinais.
com a sede."

(Valeria Pariso)

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domingo, 31 de março de 2024

// aos domingos



"Ora, antes da Festa da Páscoa , 
sabendo Jesus que era chegada
 a sua hora de passar deste mundo para o Pai,
 como havia amado os seus,  amou-os até ao fim. "
(João 13.1)

quarta-feira, 27 de março de 2024

/// o amor, suponho ...


"Tenho andado a pensar 
em escrever um poema de amor. 
A verdade é que não sei porque mas
 fico incrivelmente triste 
e os poemas de amor não me têm saído
 suficientemente bem. Ou talvez eu não tenha me
 esforçado de forma séria. 
Suponho que o amor deve ser como esses
 rarissimos instantes de felicidade.
Se por um momento os vives
eu diria
 que não é conveniente
andar a perder tempo com poemas."

(Roger Wolfe)

(2024, janeiro_ Lac Léman, em Genebra,suiça)

sábado, 23 de março de 2024

/// estudo 41


"Há sempre um degrau 
entre o que se escreve 
e o que gostaria de ter escrito e
 quando há um poema inexaurível desses que
 nunca mais se pode parar de  ler 
que não se pode mais soltar
porque no meio há um vórtice
 um poço de água potável
onde se pode nadar em círculos,sem pressa 
onde se pode apanhar com as mãos
os peixes intermináveis
 não há como não ponderar qual seria o verdadeiro
  aquele outro  ainda maior mais robusto
que alguém tenta escrever."

(Ana Estaregui)

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quarta-feira, 20 de março de 2024

/// Bem -vindo, Outono


Em que está trabalhando ?
perguntaram ao senhorzinho .
Ele respondeu :
'tenho muito que fazer ,
preparo o meu próximo erro.'

(Bertolt Brecht)

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segunda-feira, 18 de março de 2024

// fechando o verão


Já principia o outono 
A noite vem até que de novo
a aurora se revele.
Percorro o quarteirão na caminhada obrigatória
no horário mais calmo, tentando usufruir a brisa da noite.
Observo as calçadas esburacadas
mesmo ouvindo sempre que é o melhor bairro da cidade.
Bem sei que é o mais caro. 
Vejo contentores de lixo derramados pelos moradores de rua 
que perambulam com seus olhares vazios.
Sempre sós. 
 Não há estrelas.Só os semáforos piscam.
Volto para casa e
escrevo para estilhaçar de vez , esse silêncio.
Quero um outono suave .
( março/2024)

( A Pitty recuperando a alegria, a saúde e mandando embora o olhar triste .Graças a Deus).

quinta-feira, 14 de março de 2024

/// divagações e inquietações


 ...  sobra inquietação nas minhas manhãs de março
 a única luz qe reluz aqui é a do sol e do mel que coloco na minha fruta. 
Preciso  de  'um poema que cortasse como faca' e apaziguasse o medo,
 enquanto aguardo que a minha gatinha se recupere
 rápido e volte a me olhar fixamente, piscando  os olhos
 querendo  dizer coisas, que não sei.
Porque outro poema ?
(reconsidere um pouco esse momento e paga o que me deve)
:))

(Pitty  doentinha, _ causando susto e muito medo de perdê-la)

segunda-feira, 11 de março de 2024

/// do amor tímido


"E o amor transformou-se  noutra coisa com o mesmo nome.
Era disto que falavam as mães quando davam conselhos às
filhas e diziam:  'o amor vem depois.'         Era isto o depois.
Uma ternura simples, quase dolorosa,
 muitos silêncios e
um poema que se dissolve devagar
 sem rosto."

 (José Luís Peixoto)

(fotografia da web)

sexta-feira, 8 de março de 2024

// os ontens


Escrevia-lhe bilhetes, elegias amorosas
mais graça que amor. Vez ou outra 
alguma  melancolia.  Falava-lhe da paisagem,da 
 falta  dos olhos, do corriqueiro cotidiano,das 
insônias e sobetudo do tempo _
se fazia sol se chovia a cântaros, se estava nublado e entediado.
Também claramente e poeticamente, dava a entender 
 que faltava no café da manhã o olhar de uns olhos castanhos.

 Tudo ontem ... ( na coxia) 

( março, 2024)