sexta-feira, 31 de julho de 2015

devaneios



"Eu pronuncio  teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome  me soa
mais distante que  nunca.
Mais distante que as estrelas
e mais dolente que a  mansa chuva." 

García Lorca 
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quarta-feira, 29 de julho de 2015

confissão

"Que esta minha paz e este meu amado silêncio
Não iludam a ninguém 
Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta 
Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios 
Acho-me relativamente feliz 
Porque nada de exterior me acontece… 
Mas,
Em mim, na minha alma,
Pressinto que vou ter um terremoto! "

Mário Quintana
poema reeditado
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segunda-feira, 27 de julho de 2015

dos verdes

 "Será ainda preciso insistir nos louvores à floresta?
Será ainda necessário dizer da sua generosidade?
...
A floresta gera as fontes  é  mães dos rios;
doma a cólera dos ventos,
purifica a atmosfera;
dá-nos a essência  e o bálsamo
e os seus troncos prestam-se a todos os misteres:
 são as colunas do lar,
a ara do templo,
a quilha da nau,
o carro das ceifas,
 o móvel doméstico,
a haste da lança,
o estilo da pena,
 tudo."

 Coelho Neto
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sexta-feira, 24 de julho de 2015

formatos



' Liturgia é isso:
florescer pela manhã
mesmo se for nevar a tarde.'

Rubem Alves


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quarta-feira, 22 de julho de 2015

equação

 "Como se mede o tempo dos desertos? 
Em palmos de solidão e de serpente 
Ou com réguas do vazio 
simplesmente?"

Denise Emmer
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segunda-feira, 20 de julho de 2015

derrames...

"O café derrama-se sobre a alma
intacta de evasão.
Pétalas de rosas ao vento.
Café fresco.
Suspenso.
Mente vaga.
Alma presa.
Café crepusculado, absorvente
de angústias desmedidas.
Abrolhos que se destacam.
Absorção letárgica,
líquido que se esvai.
Xícara vazia."

Walter Rodrigues

sexta-feira, 17 de julho de 2015

desabrigada


"Ouvir vozes quando é um solo de guitarra é solidão.
 Esperar que a porta se abra... e 
Suspirar é solidão... 
Repetir o mesmo gesto.Repetir. 
 Não saber dizer se repetiu o mesmo gesto é solidão 
A paisagem igual  
a umidade por dentro o fogo o frio. 
 As cores que se abandonam.  
As mãos que envelhecem, 
os toques melhores .... 
A folha tombar no outono 
 é solidão."


Luci Collin
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quarta-feira, 15 de julho de 2015

dos caminhos

"Terra seca
terra quieta 
de noites 
imensas.
  
( vento na oliveira, 
vento na serra)

Terra velha
do candil
e da pena.

Terra 
das fundas cisternas.

Terra 
da morte sem olhos
e as flechas.

(Vento dos caminhos,
Brisa na alamedas.)"

Federico Garcia Lorca


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segunda-feira, 13 de julho de 2015

cerco

"O corpo começa a consentir,
ceder 
 abrir fendas com as chuvas altas, 

a mostrar,
 quase exibir  velhas raízes , rugas, mágoas, 
a secura próxima dos galhos ;
o corpo , 

sim , 
ele que foi afável e crédulo e solar ...
 tão indiferente agora às matinais
e despenteadas vozes :
 distante  e tão cercado de apagadas águas."

Eugênio de Andrade

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sábado, 11 de julho de 2015

fragilidade



"Ninguém oferece flores.
A flor, 
em sua fugaz existência, 
já é oferenda. 
Talvez, alguém, 
de amor, se ofereça em flor. 
Mas só a semente ,oferece flores.

Mia Couto
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poema reeditado

quinta-feira, 9 de julho de 2015

... nas janelas

 " ... apenas precisamos de alguém que sorria
e reponha o mesmo disco a tocar
e escute o vento nas janelas 
e sinta a tristeza que tem os gladíolos murchando
em cima da mesa."

Al Berto


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segunda-feira, 6 de julho de 2015

leio poesia



"A poesia me aproxima de quem gosto.
 ...
 Quando estou triste leio poesia para ficar alegre
 e quando estou alegre leio poesia para me maravilhar. 
Mesmo quando não leio, eu leio. 
Mesmo quando estou cansada demais 
ou triste demais para ler qualquer coisa, 
eu leio."

Noemyr Gonçalves
   *poesia reeditada
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poética


"Olhar para o rio
feito de tempo e água
E recordar que o tempo é um outro rio,
E saber que nos perdemos como o rio
e que passam os rostos 
como a água ..."

Jorge Luis Borges


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quinta-feira, 2 de julho de 2015

fragmentos

"Aqui a pedra cai com outro som
Porque a água é mais densa, porque o fundo
Tem assento e firmeza sobre os arcos
Da fornalha da terra.
Aqui reflecte o sol, e tange à superfície
Uma ruiva canção que o vento espalha.
Nus, na margem, 

acendemos convulsos
A fogueira mais alta.
Nascem aves no céu, os peixes brilham,
Toda a sombra se foi, que mais nos falta? "

José Saramago


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