" Veio-me hoje uma vontade enorme de te amar.
Então pensei : vou te escrever"
(Vergílio Ferreira)
Lendo o poeta no seu 'Mundo Impossível' encontro esse desejo
sincero ,bem humorado e naturalmente gostoso.
Me faz lembrar que na escola encontrávamos bilhetes
enroladinhos nos vãos das carteiras, deixado pelos meninos
para as meninas do turno da manhã.
E todas entravámos na sala de aula, ,tropeçando entre si ,
para achar o seu. Aquilo se tornava um segredo e
rendia alguns encontros., as paqueras transitórias de adolescentes.
O bom era a surpresa das manhãs.
Abria-se como conchas.
E ouvíamos sussurros a aula inteira.
Assim, me tornei uma assídua leitora de tudo que me caia às mãos.,
dando preferência aos bilhetes amorosos., naturalmente poesias.
Tinha também o hábito de ler as redações das alunas da minha madrasta,
passava horas e horas meio escondida e sozinha, lendo e lendo.
Não por acaso que por estar muito só, não sou nada boa
em fazer amizades, quando acontece sou sufocante,
um pouquinho ciumenta de quem amo e me atrapalho.
Ausências repetidas não me faz bem, mas já
não me tira o sono.
Só um pouco
Hoje as mensagens digitais são rápidas., a mim não importa.
Ainda busco bilhetes na cabeceira, da cama
antes de dormir.
São raros atualmente, mas eram românticos, simplesinhos assim :
"...enquanto espero a água ferver, faço as contas,
faz três dias que não falo com ela, faz três dias
que ela não fala comigo.
As ambiguidades estão hibernando..."
( ia sair um cappuccino)
( julho,2025,liscosta)
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