quarta-feira, 30 de julho de 2025

// ouvindo o silêncio ...


'O silêncio é uma questão musical, alternância entre o som e a pausa., 
 o silêncio em si, homólogo ao invisível, se torna horizonte.
 Há uma espécie de inquietação, típica de quem
 procura e inevitavelmente não acha, senão os sons que o silêncio
 provoca_ sussurros ou gritos. Ora se silencia .Ora se ergue.
O silêncio nunca é propriamente vazio, mas limiar, se
 edifica ou despoja, porque, como nos diz
 o poeta Otávio Paz não deixa de motivar palavras
 e novas imagens.
O silêncio está prenhe de sinais'
( em estado de gestação)

 
(lendo_  Otavio Paz)

(simplesmentelis, outroblog
( lago Zurique, dietikon , suiça)

segunda-feira, 28 de julho de 2025

/// ... a flor que és


"Dai-me lírios, lírios
E rosas também .
Dai-me flores. Muitas flores.
Quaisquer flores , logo que sejam muitas ...
Não , nem sequer muitas flores
Falai-me apenas 
Em me dardes muitas flores  Nem isso .
Escutai-me apenas pacientemente
             quando vos peço.  Que me deis flores"          
... 
(Álvaro Campos)
(heterônimo de Fernando Pessoa)
simplesmentelis, outroblog

sábado, 26 de julho de 2025

/// sentindo a palavra



Iniciei nos blog's em 2009. Bem acanhada.
Transcrevia poemas de poetas conhecidos _ pesquisava os
 considerados suprassumos ou bambambãs, como chamamos 
os  gênios da literatura. Com eles me identificava.
 Naquele tempo já gostava de fotografar e pintar.
 Nenhuma dessas artes ,dominava. Escolhi ficar
 na máquina fotográfica.
Também tinha os cadernos e ali rabiscava coisinhas íntimas,
frases ,palavras que não queria perder.
 Tudo e qualquer movimento meu, era motivo de escrita. 

Uma amiga bem próxima (que já está nas estrelas),
dizia ser minha 'marchand' 
tinha acesso às escritas e dizia: 'escreve isto nas tuas
 fotografias, é a tua cara _vai ficar íntima e particular'
Demorei para acreditar. E um belo dia, acreditei.
Postei um versinho e os amigos não reclamaram,
ainda deram força. Continuei com os poemas transcritos
 e vez ou outra deixo um texto,
uma carta, bilhetes, rabiscos. Um novo formato de
 encontrar os amigos, que  aprendo cada dia, amar mais.

 E pergunto :  Porquê  estou escrevendo isto ?
 Num dia normal ,numa  entrada normal ,depois de quinze
 dias de pausa (faço várias pequenas pausas), postei
um texto falando sobre como é bom sair da rotina,
 não fazer nada, lembrei de uma palavra que de certa forma
 desperta uma leveza e um relax bom_ a 'malemolência ...
Não pegou bem 

Escrevi como se estivesse fazendo um carinho,
 (sabe aquele momento bonito e espontâneo que transborda 
sem mais nem menos ? ) 
 Fiquei bem desconfortável com o mal estar que
 provoquei e  saí a procurar o fio da meada dessa tal
 Malemolência.

Aqui está: Dorival Caymmi .
O expoente da música brasileira que criou e cunhou nas
 suas canções a filosofia de vida que valoriza o ritmo
 próprio e a conexão com a natureza, num cenário de contemplação.
O sol de todo dia, o mar com suas jangadas ,a vestimenta colorida
 da baiana, o  charme peculiar daquele sotaque doce e afetuoso.

 Até uma certa preguiça. Por que não ?

Vi que tudo de bom estava contido na frase, o cuidado é 
 não ler fora do contexto. Ou distraidamente.
Ou insensivelmente. Ou apaixonadamente.

Com tudo explicadinho, já nos desculpamos, mutuamente 
e não vai aqui nenhum melindre _só avisar aos amigos 
que o meu tempero quando escrevo é o da amizade.
  Imagino sempre  que
      vai ser agradável para quem lê.,  por isso erro tanto  ...
Ah, não gosto de acarajé e
 adoro os baianos.

( julho, 2025, liscosta)



quarta-feira, 23 de julho de 2025

// no estilo ' slow '


 Continuando meu 'doce far niente', com a frase italiana
  que  inspira a  valorizar as pausas,  desacelerar o dia ,
 manter a calma, prestar atenção nas manhãs de inverno
 na doçura de não fazer nada, sem pressa na cozinha ou se
  afastar dela( para não se queimar),porque assim tem sido...

Manter  suave indolência, sem culpa e no luxo de estar
 presente sem estar. Sermos dois, mesmo não sendo.
Sentar ao sol ,ver a vida passando, clicando nas flores. 
Presentear... por onde o olhar avista.
Sentir o céu perdendo lentamente o azul e gostar do cinza.
...
Enfim,  celebrar, o  ócio, deixando a mente quieta, o
    coração batendo no compasso na malemolência do baiano.
  Se não souber o que fazer, vai fazendo o que sabe.
Importante é lembrar sempre 
... 
 "onde eu não alcanço, eu descanso."

(julho, 2025,- liscosta)

simplesmentelis, outroblog
( Fotografia_abrindo o álbum do passado)

sexta-feira, 11 de julho de 2025

/// ... como um beijo




" Veio-me hoje uma vontade enorme de te amar.
Então pensei : vou te escrever" 
(Vergílio Ferreira)

Lendo o poeta no seu 'Mundo Impossível' encontro esse desejo
 sincero ,bem humorado  e naturalmente gostoso.
 Me faz lembrar que na escola encontrávamos bilhetes
 enroladinhos nos vãos das carteiras, deixado pelos  meninos
 para as meninas do turno da manhã.

E todas entravámos na sala de aula, ,tropeçando entre si ,
para achar o seu. Aquilo se tornava um segredo e
 rendia alguns encontros., as paqueras transitórias de adolescentes.

O bom era a surpresa das manhãs.
 Abria-se como conchas.
  E ouvíamos sussurros a aula inteira.

 Assim, me  tornei uma assídua leitora de tudo que me caia às mãos.,
dando preferência aos bilhetes amorosos., naturalmente poesias.
 Tinha também o hábito de ler as redações das alunas da minha madrasta,
 passava horas e horas meio escondida e sozinha, lendo e lendo.
 
Não por acaso que por estar muito só, não sou nada boa em fazer amizades,
 quando acontece sou sufocante, um pouquinho ciumenta
 de quem amo e me atrapalho. Ausências repetidas não me faz bem,
 mas já não me tira o sono. Só um pouco 
  
Hoje as mensagens digitais são rápidas., a mim não importa.
 Ainda busco bilhetes na cabeceira, da cama
 antes de dormir.
São raros, mas eram  românticos e simplesinhos assim :

"...enquanto espero a água ferver, faço as contas,
 faz três dias que não falo com ela, faz três dias
 que ela não fala comigo.
 As ambiguidades estão hibernando..."

 ( ia sair um cappuccino)
( julho,2025,liscosta)

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terça-feira, 8 de julho de 2025

/// do imaginar criativo


Já ouvi algumas vezes  'caia na real' e pare de sonhar.
 Minha realidade é ser feliz.
 Nada errado com realismo, com
 certeza a fuga do real é um meio de tratar
 a realidade. 
Segundo os entendidos há toda uma vertente literária
 que utiliza símbolos, metáforas  que chamam de´liberté poétique´
e os poetas se inspiram no irreal e na fantasia para
 compor seus versos, sua poesia.
  _ A realidade me cansa.

             Também o monólogo, como se diálogo fosse.
 :///

simplesmentelis,outroblog
Fotografia( dei uma mexidinha  para  deixar  irreal).

domingo, 6 de julho de 2025

// ... 'não falei de flores '











As vezes
 você usa pessoas como curativo.
Depois restabelecida continua uma
 impensável necessidade daquele remédio .
E, vicia. E sofre.

(julho,2025)

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quinta-feira, 3 de julho de 2025

/// paisagem íntima


Escreva tuas histórias, teus poemas e
desautorize a distância.
Diga se devo avançar ou recuar.
 Contempla a paisagem.

Aqui  pássaros passeiam pelo chão, batem asas 
espalham pólens que por sua vez 
engravidam as paisagens
 colorindo-as.
 
Ainda dançaremos sob a chuva
Ou descobriremos uma outra linguagem.

(liscosta,2025 junho)

(Mosaico _ noite de chuva na linda Genève)

terça-feira, 1 de julho de 2025

/// além da física além da natureza


Quando não há inspiração, resta transpiração.
  Falta verve poética ou estado de espírito.
A criatividade pode estar na lente, no olhar. 
Tem que chacoalhar a memória em busca da
 palavra perfeita, que só os poetas possuem.
Ou quem sabe tentar metáforas.
  Palavras, podem ser escritas de várias maneiras.
 Ou apenas sussurradas. 

Minha fotografia Meu sussurro.

(abril, 2024, reeditado)

simplesmentelis,outroblog
(Fotografia _2024,na varanda  _ Les Carroz ,Ródano Alpes ,na França)