terça-feira, 3 de novembro de 2020

dize-me coisas ...

 "De que cor era o meu cinto de missangas, mãe
feito pelas tuas mãos
e fios do teu cabelo
cortado na lua cheia
guardado do cacimbo
no cesto trançado das coisas da avó

Onde está a panela do provérbio, mãe
a das três pernas
e asa partida
que me deste antes das chuvas grandes
no dia do noivado

De que cor era a minha voz, mãe
quando anunciava a manhã junto à cascata
e descia devagarinho pelos dias

Onde está o tempo prometido p'ra viver, mãe
se tudo se guarda e recolhe no tempo da espera
p'ra lá do cercado ."

Ana Paula Tavares
outro blog, simplesmentelis

8 comentários:

  1. Um relógio parado está certo duas vezes por dia....e o tempo não pára.
    Tudo de bom.

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  2. Que belo poema escolheu!! O tempo da espera cerceia. Linda foto, Lis! Bjs.

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  3. Poema magistral. Deliciei o meu ego a ler.
    .
    Saudação amiga
    Abraço

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  4. A última estrofe deixou-me pensativa!
    Vivemos de facto esta vida tão a correr que não nos sobra tempo para viver!

    E não faltam campanários com sinos e relógios a lembrar-nos o tempo todo de que esse mesmo tempo não para e se está a esgotar, como areias por entre os dedos. A tua bela foto prova isso mesmo!

    Beijinhos Amiga, para fazer com que a nossa presença na vida uma da outra nos faça enriquecer o tempo que nos é dado.
    🙏💙

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  5. Gostei da foto!
    Gostei bastante do poema desta autora que descobri há pouco tempo.
    Tudo em sintonia.
    bom fim de semana.
    beijinhos
    :)

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  6. Tudo aquilo que recordamos com saudade é o que nos fez arreigar sentimentos positivos.
    Enorme abraço.
    Juvenal Nunes

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