"Treme o rio, a rolar, de vaga e, vaga ...
Quase noite.A sabor do curso lento
Da água,que as margens em redor
alaga,
Seguimos. Curva os bambuais, o vento.
Vivo a pouco, de púrpura sangrento,
Desmaia agora o acaso.A noite apaga
A derradeira luz do firmamento ...
Rola o rio,a tremer de vaga em vaga.
Um silêncio tristíssimo por tudo
Se espalha.Mas a lua lentamente
Surge na fímbria do horizonte mudo :
E o seu reflexo pálido, embebido
Como um gládio de prata na corrente,
Rasga o seio do rio adormecido."
Olavo Bilac
(as margens do Rio Sena, Paris)