sexta-feira, 30 de maio de 2025

/// fim de semana



É matemática. 
Milhões de apaixonados não podem estar errados.
Paris é a cidade do amor.

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(da janela-quartier de Bellevillle ,Paris,france)

quarta-feira, 28 de maio de 2025

/// das pequenas fagulhas


 Impulsionava-nos certa atração e nos entretínhamos decifrando uma caligrafia do  tempo, em cadernos e pautas ,até que outros dias,outros silêncios cravavam nossos entardeceres,chegava em nosso divã dos sonhos.

 Entre a atração e pequena fagulha,havia um inesperado perfume de flores e uma paisagem bucólica que inexplicavelmente, pacificava. 

Talvez ficasse por ali ,percorrendo os jardins
acompanhando a inquietaçâo dos dias seguintes
 das noites insones, aprisionada em seus olhos.

(liscosta,2025-genebra,maio)


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segunda-feira, 26 de maio de 2025

/// Um café no lago Zurique


Escrevo num lugar tranquilo ,no passeio do lago,onde com certeza, servem café. Contam por aqui que os franceses costumavam servir café com baguete e mergulhava esse pão na bebida. Quando pequenas também já usávamos esse recurso no nosso famoso _`café au lait.`_ e estranhamente no nosso pãozinho `francês` que aqui não existe. Agora , gostamos de usar os creminhos chantilly ou um pouco mais sofisticado com licor ,que  ajuda na digestão. Ou não.

E assim foi que o café se tornou o principal personagem numa confeitaria
 ou em qualquer lugar de convívio e das conversas prolongadas.
Um prazer poder desfrutar com as amigas,em mais num passeio de fim de semana,  nessa cidade bonita. Enquanto elas conversam, faço um rascunho.
E lembro que no Brasil,  também os cafezinhos são comuns.
O  Espírito Santo (minha morada atual), é um
 dos maiores produtores do café Conilon, proveniente
 das montanhas capixabas.  Não há café melhor ... 

Em qualquer estaçâo do ano um café cai bem, principalmente em Zurique
que em pleno outono mesmo a luz do sol, marca 9 graus.

Sorte demais sentir esse frio que não tenho no Brasil,
 fotografar e olhar e olhar 
olhar mais ...
para gravar na memória esse belíssimo lago.

 (liscosta, Zurique, suiça,2025,maio)

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sexta-feira, 23 de maio de 2025

/// dos olhos que não vejo


Havia uma impulsividade constante em que escrevia.
Achava tudo, superlativamente sublime.
  E se entretia com aqueles rabiscos endereçados a
olhos que não via. Estava sempre inclinada entre o sol da manhã
e o cair da noite. Uma geometria do silêncio, apesar dos ruídos, 
_esses audíveis. Estava sempre querendo contar sobre as cores
fascinantes e delicadas  das flores e dos seus perfumes
 que mandava pelo ar ,junto com os abraços.
Se pudesse ficaria sempre nesse sussurro primaveril
que por ora presenciava de bem longe, com
 os contrários divertidos das estações.Tudo isso era diferente de 
todos  poemas que  lia e não sabia compor.
E ia sempre naufragar em lençóis nas madrugadas frias,
se nenhum fogo ardesse em sua memória .
 Dizem os surrealistas inspirados em Rimbaud que era bom 
ela mudar de vida.

(liscosta, 2025,maio)

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quarta-feira, 21 de maio de 2025

/// sob tépida neblina



"O que poderia ter sido é uma abstração .Que permanece em 
pérpetua possibilidade. Nesse mundo de especulação.
O que poderia ter sido e o que foi.  Convergem para um só fim,
que é sempre presente    Ecoam passos na memória. Ao longo
das galerias que não percorremos.       Em direção a porta que 
jamais abrimos. Para o roseiral. Assim ecoam minhas palavras,
Em tuas lembranças.Mas com que fim perturbam elas a poeira
sobre uma taça de pétalas.Não sei.   Outros ecos. Se aninham 
no jardim. 
...  
O tempo passado e o tempo futuro , O que poderia
 ter sido e o que foi.
Convergem para um fim que é sempre presente."

(T.S,Eliot)



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segunda-feira, 19 de maio de 2025

/// dos sinais


"Tu dirás que estou a repetir .Algo que já disse antes.
Tornarei a dize-lo. Direi de novo? Para chegares aí.
Para chegares aonde estás

Para saíres de onde não estás 
Deves seguir por um caminho onde não há êxtase,

Para chegares ao que não sabes 
 Deves seguir para o caminho da insciência ,

Para possuires o que não possuis 
Deves seguir por um caminho do despojamento.

Para chegares ao que não és
Deves seguir por um caminho onde não estás.

E o que não sabes é a única coisa que sabes.
E o que possuis é o que não possuis.
E onde estás é onde não estás"

(T.S.Eliot)

quarta-feira, 14 de maio de 2025

// ... como vórtice


"Quando li que os românticos gostavam mais da noite que do dia , 
mais da imaginação que da realidade, mais da inspiração do que 
do cálculo, mais do sonho do que do cotidiano , e achavam que
a emoção era mais importante que a razão,  etc
percebi que eu era muito romântico.(a)"

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Fotografia / as camélias , Place des Alpes, genebra, abrl,2025)

sábado, 10 de maio de 2025

/// das cartas e confetes _Parte IX


Bem quisera te escrever com palavras sábias que mesmo
sendo as de sempre, nunca deixa de estremecer a um toque
dos meus dedos  e a muito longe dos teus.
Só para dizer que vou bem entre vinhedos e caminhos
 enviezados que chamamos de curvas.
Já estou a caminho da montanha  nos fins de semana,
entre subida, pedras e arvoredos
de um verde surpreendente . Amo muito e cada vez mais as
 minhas temporadas de forasteira na terra dos outros.
Fico na espera de um retorno teu já sabendo que pode vir
 como não vir, e mesmo que tarda é sempre bem vindo.
.Queria ter trazido aquele livro, mas a mala com peso maior
 do que prescrevia a carta de embarque e
 na bolsa de mão com a capa frágil, não quis arriscar. 
Tenho ali algo precioso que nao posso perder.
Epifania _ seria bom algo menos misterioso, divino,
como uma aparição qualquer.
  O tempo tem estado limpo e um sol pequeno que
 podemos sair com blusa leve de seda,
 sem precisar usar aqueles pesados casacos suiços.
O dia vai se tornando estranhamente longo
 e os sonhos teimam em querer enviar notícias amorosas.
Não importa não,
são só carícias e é só uma carta. 
(liscosta, maio,2025)

(Inspirado nas cartas de Drummond de Andrade)


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quarta-feira, 7 de maio de 2025

/// dos nossos cafés



O café é um lugar de encontro , de conspiração, 
de debate familiar, de flertes ocasionais,da flâneur ou
 do poeta com seu caderno. Uma xicara de café, uma taça de vinho,
proporcionam um lugar para trabalhar ,jogar conversa fora ou  simplesmente
 ficar aquecido se inverno ou refrescante se verão.

No Milão de Stendall, na Veneza de Casanova, em Paris de Baudelaire 
na Suiça de Cendrars, No Rio de Janeiro de Vinicius ,na Bahia de Jorge Amado
e de todos 
os amigos poetas  daqui da minha casa. 
 
  (pegando carona no café de George Steinner)



(Fotografia : para quem não conhece, estou de vermelho nesse café)
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segunda-feira, 5 de maio de 2025

/// as entrelinhas milagrosas


 "Escrever é o modo de quem tem a palavra como isca : a
palavra  pescando o que não é palavra.
Quando essa nâo palavra  _a entrelinha ,  morde a isca,
alguma coisa se escreveu."

(Clarice Lispector)

quinta-feira, 1 de maio de 2025

// receitas específicas


Os velhos são manhosos.

 
Demoram-se a apanhar a fruta, sabem
que sabem esticar o braço antigo até aos primeiros figos, que
 podem saber chegar ao fim da figueira.
Os velhos arrastam os pés em direção à saída,
esgotam-se ao sol seguinte.
Cortam-se por vezes no vidro de emergência .
Têm visões extraordinárias.
Receitas específicas para o barroco do poema
e do mel.
 
Escrevo para os velhos.
 
 (Filipa Leal)


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