Ela era de poucos amigos.Podia contar nos dedos aqueles
que preenchiam sua vida. Talvez aqui nesse caso ,palavra
amigo nem caía bem. Precisaria de uma palavra maior
mais vibrante.Quando se entrega tudo,coração,corpo,alma
(e paisagens), qualquer palavra solta desperta um alerta
difícil de entender. Desejava apenas um afago e não uma
palavra cuja sonoridade só poetas entendem.Não tinha os
olhos dele, leitor.Também não podia medir o tom da voz se
suave, doce, zangado ou indiferente, assim distante.Frágil
errava e desaprovava sua semântica Nada novo. Sempre
inventava outros caminhos, recomeçava mil vezes,renovava
votos, combinava encontros impossíveis, cafés, pic-nics ,até
poesia dividia.
Ele_ ela não sabia.
Na sua sabedoria,ele ensinava, ela não assimilava. Gostava
de se iludir e tinha cabeça cheia de caraminholas ,enquanto
ele continuava teimoso poético lindo e irresistível.
As vezes,riam-se disso,outras fingiam porque sabiam que tudo
não passava de quimeras. Uma menina e um menino,apenas.
Não sabiam o valor real da amizade.
E nem o que mais os aproximava.
Se o silêncio ou a palavra.
(janeiro, 2024)
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