sábado, 28 de setembro de 2024

/// Tardezinha


Oitavo andar. Lá fora os galhos das árvores
 balançam com a força do vento ,sempre  as cinco horas
 de todas as tardes  Pássaros sobrevoam bem próximo
 aos automóveis que circulam na avenida.
Indo e vindo. Paisagem do meu coridiano ,nem
 meu ir nem meu vir nenhum porvir,  
Distraidamente, digitaliza-se a beleza carregada
 de abraços e beijos. E o vento sul
  continua balançando os galhos verdes.
As visões só diluem quando névoas escuras aparecem
 embebedando a noite,entorpecendo o esquecimento
 sublimando essa cidade intrinsicamente minha.
'Haverá  mais tardes como  essa '?

(liscosta 2024, setembro)

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

// Intensa fulguração


Queria um poema cheio de excessos
 um poema transparente que
 aprissionasse o silêncio, 
 Chegasse numa explosão de gestos  
  e espanto a escorrer dos dedos.
(liscosta/setembro, 2024)

(cenrto de Genebra, suiça, 2023)

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

// sua mão sua eloquência


Um verso que não diga por palavras,
Ou se palavras tem, que  nada exprimam:
Uma linha no ar, um gesto breve
Que, num silêncio fundo,
me resuma 
A vontade que quer, a mão que escreve."

(José Saramago)

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sábado, 21 de setembro de 2024

/// aos pés de um lago azul


'O que é feito das palavras senão as palavras ?
O que é feito de nós senão as palavras que nos fazem?
Todas as coisas são perfeitas de nós 
até ao infinito, somos pois divinos.
Já não é possível dizer mais nada 
mais também não é possível ficar calado.
Eis o verdadeiro rosto do poema .
Assim seja feito: a mais e a menos.'

(Manuel Antonio Pina)


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(fotografia ,2023_  A linda Lausanne ,às margens do lago Léman
 ou lago de genebra como é conhecido.
 'Palavras ' não diz tudo, tem que ir  lá,ver de perto)

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

// das fugas sentimentais

As vezes queremos pedir : devolve aqueles bons momentos 
joga fora os bilhetes , as palavras mal traçadas, as cores que enviei,
as histórias que troquei .Esqueceu , não sabe devolver ?
finge então que não dei nada .Nenhum som, nenhuma cor,
nenhuma flor. Nenhuma cidade, nenhum Van Gogh, nem Tom Jobim.
Vai dormir sozinho, com raiva, sem nada .E, se a dor  no peito não
incomoda, me perca de vista e muito obrigada...  me deixa fora desse 
silêncio,do seu mundo sem paixão e sem graça.
Queremos pedir... As vezes.
(junho, 2024)

(releitura da música de Zélia Duncan)


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( fotografia _dezembro,2023, Genebra,  em noite de festival de luzes

terça-feira, 17 de setembro de 2024

/// beleza poética


Ela era Lo, apenas 
Lo,
 pela manhã, um metro e quarenta e cinco de altura e um pé
de meia só. Era Lola de calças compridas. Era Dolly na escola.
Dolores na linha pontilhada.   
Mas nos meus braços sempre foi Lolita.
( Vladimir Nabokov) 


( extraído do livro LOLITA)
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domingo, 15 de setembro de 2024

/// das evidências empíricas



é em manhãs de domingos assim
que me deixo afundar nas palavras vazias 
lembro de sonhos alterados cafés remarcados
ombros repousados à espera de um barco que me leve ao cais.
( outubro,2024)

terça-feira, 10 de setembro de 2024

// do caderno ,os rabiscos


É tarde.
Não demora, o sol vai se esconder. 
Todas as manhãs ele se aproxima na varanda
 numa imutável trajetória.
As esperanças que estavam aspergidas no ar
 não tocarão o solo.
Devaneios evaporarão nas nuvens que
 encobre a realidade,
É noite. 
Nada mais há a fazer.
 
Durma.

( abril, 2024)

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Fotografia_( em LesCarroz d'Arachês,France,,na montanha )

domingo, 8 de setembro de 2024

/// doando palavras


'Como fazer para transformar as palavras em visões ?
Como fazer para celebrar o que nos dá sem negar aquilo
que se nos escapa?
Como fazer para converter a linguagem em
um refúgio antes que uma prisão, em um altar  ?''
( r.juarroz)

( rio Rhône, genebra, suiça, 2024)

terça-feira, 3 de setembro de 2024

// contemplação da palavra

'A palavra tem um olhar, ela
pode cair no nosso pensamento como
 fruto maduro;
pode chegar até nós como uma festa ou renovar-se 
em outras palavras e imagens;
 pode cantar como pássaros , voar , produzir instantes de
epifania ou até mesmo ser um espaço de trânsito 
porta e brecha.'

( R.Juarroz)