domingo, 27 de abril de 2025

// estudo de gaveta


Ela gostava de passar as tardes, naquele santuário com
 cheiro de livros. Sentir  a respiração do poeta.
Ouvir o toque das teclas daquele computador. 
Entender o mistério por detrás dos papéis que rabiscados eram
 jogados ao chão, sem nenhum cuidado.
 Andava por lá a procura de algum poema, quem sabe ?
 poderia  ter sido escrito, pensando nela.
E a curiosidade de como seriam costurados aqueles poemas,
 nos seus dias comuns.
 E, ali no meio de tantas palavras e sílabas soltas
acharia alguma com o jeito dela e
 pensava: 'essa parece comigo'.  Tamanha ingenuidade.
   O mundo dela era pequeno demais para aquelas escritas,
primorosas, sutis e poéticas ,
com tantos bocado de humor ,
muitos bons bocados de desejos e até algumas boas
 pitadas de ironia.  E  ficava ali a imaginar como seria
 caminhar com o poeta, lado a lado naqueles cenários,
entre livros e poesia. 
  
E descobriu que nunca saberia e tratou
 de não mais voltar lá.
 
(liscosta,2022,  janeiro )



A foto è atual, 
(sem o computador que travou no momento que cheguei em Genebra),
vou revisitando devaneios de `ontens`,,, rs 

quinta-feira, 17 de abril de 2025

// dos amores


"O tempo tem o direito de se meter em tudo , coisa boa ou má.
 porém _ ele que pulveriza montanhas ,remove oceanos
 e está presente na órbita das estrelas, não terá o menor
 poder sobre os amantes ,tão nus tão abraçados , com o
 coração alvoroçado como um pardal na mão pousado"

( Wislawa Szymborska)

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domingo, 13 de abril de 2025

/// a outra casa


A Suiça é  sólida e quando chego ela está aqui, do jeito que deixei .
Há silêncio e dignidade.
Nada é grandioso e tudo é grande, parece que
 foi recortada e vestida elegantemente para
  receber os visitantes .
Estou já tomando meu lugar na Primavera desse hemisfério.

É enorme também privilégio poder suavizar as muitas saudades,
desfrutar das conversinhas e das risadas das minhas meninas, das
caminhadas costumeiras nas manhãs, apreciar o verde das árvores,
as flores bem cuidadas nas cantoneiras expostas nas calçadas,
 a beleza dos lagos e principalmente do clima ameno,
 do sol simpático e de um friozinho
 acolhedor e gostoso.

Por enquanto, nenhuma saudade do calor do meu Brasil.
Foi um verão extenuante embora muito bonito, com o sol
 brilhando
na nossas janelas e varandas.

É  isso, amigos.
Nosso charme é sentir-nos nas poesias, nas fotografias ,
nas palavras como as que deixamos nos comentários quando
 nos visitamos.
Sinto saudade desses encontros imaginários quando me afasto,
portanto deixo aqui os abraços no mesmo modelo_ imaginário.  

( por aqui quase tudo imagina-se ..)
 :)) 
 E seguimos ,juntos !.

( Genebra, suiça ,abril, 2025)
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terça-feira, 25 de março de 2025

/// Voltando aqui . Com saudade ...


 
"Antigamente em maio, eu virava anjo.
 A mãe me punha o vestido , as asas, 
 me encalcava a coroa na cabeça e recomendava:
 'canta alto, ,espevita a palavras bem ".
Eu levantava voo rua acima.
(Adélia Prado)


...Quase abril  _quero espevitar bem as palavras e voar 
céu acima ...
De lá, mando notícias.

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segunda-feira, 3 de março de 2025

/// para não perder a poesia

... e a  Filosofia do Guardar:  " o que Lembro, tenho."
(Frederico Garcia Lorca)

Em tempo:  Blog em pausa...

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

/// ' no coração da ficção'


A fantasia é de fato 'um outro lado do realismo'
assim disse  a professora e pensadora Linda Hutcheon.
Gosto de ler essa gente_ literata.
O realismo nos sufoca? sim , é sufocante assistir
 os noticiários que tudo que vamos ouvir é de um realismo extremo.
Haja visto os últimos acontecimentos na 
 América dos americanos. Decepcionante Assustador Inacreditável.
Muito mais saudável  e divertido a leitura da coleção
Harry Porter (das meninas).
 
E continuamos sonhando com desconhecidos  :((  
O estranho, o maravilhoso, o fantástico sempre nos atraem, 
(razão as vezes da infância sem mãe e sem colo)
 Improvisa-se, escrevendo amenidades e ficção.

Não nos arrisquemos pois , a definir ou adivinhar
 esse mundo particular que é só meu só seu
só nosso.

( liscosta, em 2025,fevereiro)

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(Walt Disney, Orlando,2023)

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

/// entre o grito e o silêncio


"Tu me traístes  poesia,
me deste todas as ilusões  dos sonhos,
as alegrias, a esperança 
preenchestes os meus vazios com emoções tantas 
e não dissestes do olhar nos olhos ...
escondestes o carinho das mãos a percorrer
a face
Por que não me mostrastes antes, que todos
os versos, todos não valem o sorriso ?
só depois me disseste
tudo que é faladoexiste para seguir vida afora!
Tu me traíste poesia !"

( Daufen Bach)

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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

/// quase um solilóquio


´Lá vai o tempo roendo '
...
 enfraquecendo os ânimos
roendo os dias que restam
os gestos queimando ao sol, roendo
 a cortesia, os desejos, o brilho dos olhos
  embrutecendo a vida.
Lá vai a ternura de antes, o charme
 das palavras, a leveza,
 os abraços longos, a amizade espontânea
  a geografia do mar salgado
 desaproximando. 
...
Lá fora o mormaço quente, os dias seguintes.
Quero o inverno de volta.

E palavras palavras ...

(a duas mãos / liscosta, 2025 /fevereiro) 

domingo, 16 de fevereiro de 2025

/// da alquimia


"Ah, mostra-me teu rosto
Mostra-me teu rosto
Fazei-me ouvir a tua voz
Põe estrelas em meus olhos
Música em meus ouvidos."

(Jorge Ben Jor)


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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

//// diante da lua


...  me queria menos triste, sem lembranças
sem medo sem angústias  sem saudade sem pecado.
Sem pensar em dividir essa lua logo que chega a noite
e quando arrebenta o sol logo que amanhece.
me queria menos perto . cada dia mais longe.
E fosse tudo só cheio de importância
e tão bonito que até doesse .

(liscosta,fevereiro,2025)

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(dia de lua cheia)

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

// Um alerta das redes


Gatos e cães que moram nas ruas
procuram um lugar para se abrigar desse nosso sol ardente
 e também das chuvas de verão.
 Por favor, 'dê uma pancadinha no capô do seu carro,
sempre que for sair. Chute levemente os pneus
e buzine antes de dar partida.'

 Pode  estar  deitado ali uma dessas fofuras.  
Obrigada. 
Amamos muito esses bichinhos..

( fotografia da Web)
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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

/// banalidades e sussurros


 "Aquela banalidade de vida é que era a realidade
  da vida dela; aquela impossibilidade de fazer mais 
  que sonhar é que era a certeza dele. O que ela manifestara
  para ele fora apenas um sonho em voz alta, e o que ele
  manifestara para ela uma possibilidade em voz baixa,
 
  As vozes harmonizaram-se pela própria desarmonia "
 
   (Bernardo Soares)

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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

// do chamamento


"Da margem do sonho
 e do outro lado do mar 
Alguém me estremece sem me alcançar. 
É ele que me sonha? Sou eu a sonhar ? 
Sabê-lo seria desfazer , no vento, tranças de luar .
Nuvens, barcos ,espumas desmancham-se na noite .
E a vida lateja, longe ,num outro lugar."

( Luisa DaCosta)

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terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

/// palavras palavras

  

"Por que palavras ?
 Porque palavras se tornam , às vezes, tão essenciais?
 Porque palavras são, às vezes, imprescindíveis ?
 Por que algumas palavras possuem, às vezes, tanta afinidade 
 por tantas outras?

 Talvez seja porque saudade não pode ser expressa em símbolos.
 Talvez seja porque o amor não pode ser expresso em sinais .
 Talvez seja porque a vida não possa ser expressa em gráficos"

  ( luis renato da s costa )
(meu irmão poeta) 
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sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

/// subscrevendo ...


... 'se enveredamos por mundos de fantasia distantes da realidade,
    parece muito pouco relevante. O mais difícil , é na idade adulta,
    despertar-se desse sonho. A ficção perseguiu-me e enredou-me,
    fazendo-me continuar em passeios e solilóquios
 escritos em torno das hitórias inventadas...'
  
 (Cecília Meirelles)

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

// estamos frágeis ...


"No cesto das conquistas
coloco luz e ébano.
As dores bem arrumadas no centro
e à volta o cansaço, em calibre pequeno.
No cimo, ervas de respostas,
em jeito de resguardo,
evitando que o pulso dispare ourtra vez.
Disponho camadas de ócio;
ferro das manhãs quezilentas
Um papel vegetal de prudência.
E na asa tantos destemperos 
que a mão mal consegue unir-se,
tão febril e trêmula , Cheia de pavor
d'estilhaçar a vida."

maria f.roldão 

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sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

/// não 'sextou' na sexta-feira :))


É verão _ o sol não se imtimida,resplandece demasiadamente eufórico
com um céu tingido de azul como numa pintura de Turner. 
   Um dia sem inspiração para sair a caminhar, porque a quentura
 é tão grande que impede algo romântico.
O corpo não responde. 
Bom lembrar do friozinho da neve que cai no inverno suiço.
Oh linda Genève !
Aqui só me salva um chá gelado, 
reler 'Encontros e Desencontros' da editora Quarteto,
 assistir um filme do jeito de  Al Pacino e
 quem sabe um correio eletrônico para que essa moleza de corpo
 não se instale e se transforme em saudade. 

( nada de pulinho no balneário ao lado),
 o planejamento deu todo errado,  e foi preciso desistir, por enquanto).
:///
( janeiro, verão, 2025 /liscosta )

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( a foto é da web,  não é WilliamTurner)

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

/// nesse janeiro quente

 Preciso estar a beira-mar quando não posso me dar ao luxo dos Alpes Suiços.
É bem difícil  o calor intenso do nosso verão brasileiro, apesar de lindo.
 Depois das chuvas um belo sol surge anunciando que agora é pra valer
 e pontualmente, sem pedir licença,entra pelas persianas
 com um brilho radiante.

Nada gentil. Nada romântico.
 
Por sorte, a casa fica perto do mar com aquele ar de maresia que disfarça.
O mar é calmo, não fosse os banhistas indo e vindo no frenesi do calor.
E esse agitar de pessoas ofusca a paisagem ,

 Por falta de sorte, os dias tem mais horas. 
 Preciso viajar até o balneário dos pescadores onde possa sentir a brisa,
  ver o sol nascer e apreciar o arrastão logo de manhãzinha,
 com a praia ainda limpa.
 É lindo o alvoroço da aves tentando se envolver com os peixes.
  Enquanto isso, daqui da varanda vejo bem-te-vis e
borboletas que me faz  lembrar o poeta Casemiro de Abreu,
que  no turbilhão urbano viu
 'uma borboleta atravessando a rua com o sinal vermelho'.
 Muito poético .;))

Se demorar voltar amigos, me procurem por lá ..
(liscosta,verão,2025)



Foto do passado _(arrastão : pesca que consiste puxar uma rede
 de arrasto atrás de um ou mais barcos)

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

// memória mítica


"Nunca os frutos chegaram à boca tão frescos, 
Nunca o verde foi tão verde tão macio e
 molhado, o sangue tão vermelho ,
o azul tão maduro,tao lavado e tão limpo das impurezas 
que às vezes lhe toldam o perfil."

(Albano Martins)

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quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

/// escritos de gaveta


A
 tarde vai caindo , assim ,úmida.
Chove monotonamente.
Uma certa melancolia encharca a minha varanda , numa
 junção de avenida molhada com chuva miudinha.

 faz lembrar aquela música da Calcanhoto ,,,
   " há algo que jamais se esclareceu, no dia que fui mais feliz,
 vi um barco embriagado ao mar, o ocidente se assombrar,
 e um avião se espelhar no seu olhar.  Até sumir.
 
E, de lá  pra cá ,não sei .
      Faço longas cartas pra ninguém"  

... enquanto lá fora, só anoitece . 

( 2025,Janeiro_liscosta)