O sol tropical está impregnado no corpo e compensa a falta de luz e o ar opaco dos primeiros dias ... Árvores nuas Vento frio e Sol medroso . A primavera inicia seu reinado com flores brotando nos campos na mágica dos ventos. Sem que se perceba, as árvores iniciam a transmutação de galhos secos numa variedade de verdes. Vestem-se a rigor para a chegada do verão. As manhãs de céus azuis faz lembrar a minha janela, em parte, porque quando penso que acordei já é meio dia. Em troca, os entardeceres são longos demais e preciso deixar o sono à revelia do fuso-horário.
E agora os temperos? tão diferentes e sofisticados que esqueço dos meus bolos de laranja e dos doces de banana caramelizada e me rendo aos queijos e vinhos ,aos légumes à grignoter ,aos pickles de radis roses , aos profiteroles aux fraises e por onde ando tento entender o que me falam, com um sotaque tão estranho
que entranha ...
Não vou perder a brasilidade.
Só sentir muita falta dos Alpes gelados, da neve que não vai cair na minha janela ,dos lagos verdes-musgo e azuis profundos, dos chocolates suiços ,dos rostos sérios cobertos por cachecóis e mantôs que vestem os homens e os fazem muito elegantes.
E tentar não murmurar quando sentir um sol tórrido_ lembrar dos que são resistentes ao furar a bolha e sair a passear nos parques e jardins, nos pequenos e furtivos raios de sol.
Vou morrer de saudade de uma rua que abriga uma família muito amada e linda. Pedaços meus. Estou contente da volta para casa . Ver o mar , caminhar na areia da praia ,beber água de coco nos quiosques , paparicar a pitty , tomar posse da minha cozinha e dos meus doces de frutas tropicais, ( não existe melhores frutas que as nossas)
Para retomar a brasilidade de fato e de direito precisava encontrar uma nova bossa-nova, um inverno mais invernoso, um novo Sertão Veredas e especialmente e Urgentemente um novo Governo .
O resto são costumes. E poesia.
Quando possível (nem sempre é possível), um pouco de ficção romantizada.
Só a realidade , nunca basta.
E segundo Manuel Bandeira: 'A vida é um Itamarati'.
( liscosta) maio, 2022
simplesmentelis, outroblog
Um texto muito bem escrito que, lendo e relendo, me deixou em intensa e profunda reflexão sobre os efeitos e causas da vida, de pessoas que estão fora do seu País.
ResponderExcluir.
Saudações cordiais … boa semana.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Pois é, um texto delicioso, cheio de sabores... Como diria Caetano Veloso "totalmente demais".
ResponderExcluirComo imagino que a mala ainda não está arrumada, há tempo para novos exercícios de prosa poética e ávida degustação dos seus viciados leitores...
Um abraço, Lis!
Não deixe o leite e o açúcar borbulhar no tacho, quando estiver em Niterói depois de amanhã, conte o inverso.
ExcluirUm abraço, Lis!
Te entendo muito bem! Dois corações,não é? Lindo demais teu texto. Digno de publicação! beijos, chica e tudo de bom!
ResponderExcluirSeres/estares cá e lá em simultâneo, é isso que te torna ubíqua, Lis...
ResponderExcluirUm beijo!
Adorei o poema
ResponderExcluirlindíssimo
Beijinhos
Se trocasses o título
ResponderExcluirSe trocasses alguns sabores
Se trocasses alguns odores
Se lhe chamasses
portugalidades
ninguém sentiria as diferentes
ou não fossemos
povos irmãos...
Encontros e despedidas. A saudade que deixa, a saudade que ficou, os cheiros de cá e os lá. Os sabiás de praia, os pardais. Os doces e bolos o cheiro de feijão e arroz no alho. Talvez o melhor lugar do mundo seja aqui. Talvez as gente volte a sorrir depois de uma pandemia. Depois de um governo desastrado que fecha um mandato sem mostrar a que veio.
ResponderExcluirO mar ainda é um lugar bom de se viver e passear e o Rio continua lindo.
Bjs e paz no seu cantinho.
Boa tarde de paz, querida amiga Lis!
ResponderExcluirJá morei fora do meu país e o que matou foi a saudade dos que ficaram.
Adapto-me bem às culinárias e culturas locais.
Sentia também a falta do feijão, na época. Hoje, nem como quase.
Tenha uma nova semana abençoada de paz!
Beijinhos com carinho fraterno
Um texto maravilhoso... que não poderia traduzir melhor, as mudanças sentidas, em tempo de viagem... mas que também nos recordam da nossa essência...
ResponderExcluirAdorei cada palavra, que o seu coração ditou! Beijinhos
Ana